Aspectos ocultos do preconceito: a marginalidade científica da força (1)

UM EXAME DO PESO RELATIVO DAS PUBLICAÇÕES RELACIONADAS A FORÇA NOS ARTIGOS PEER-REVIEWED RECUPERADOS COM A PALAVRA-CHAVE “EXERCÍCIO”

Ao longo dos posts deste blog, tenho explorado de forma não muito consistente a idéia de que as seguintes formas de preconceito estão relacionadas:
1 – o preconceito contra a estética/imagem corporal musculosa
2 – o preconceito contra os esportes de força
3 – o preconceito contra os profissionais do treinamento de força (professores de musculação têm salarios menores do que professores de ginástica)
4 – a negligência do papel da força como capacidade funcional no contexto da aptidão e condicionamento físico

Hoje, quero explorar uma quinta forma de marginalidade da força, que é a marginalidade científica. Minha hipótese é que os exercícios de força são sub-valorizados como tratamento ou tratamento adjuvante em várias desordens, bem como pouco compreendidos fisiologica, nutricional e biomecanicamente porque existe muito menos pesquisa sobre eles comparativamente aos exercícios cardio-vasculares.
Para testar essa hipótese, escolhi o mês de setembro de 2004 e de 2005 e recuperei todos os artigos em inglês com a palavra-chave “exercise” no título ou abstract através do sistema de busca do portal Pubmed (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?db=PubMed&itool=toolbar). O portal Pubmed acessa toda a base de dados MEDLINE além de algumas outras publicações que submetem seu material diretamente para a National Library of Medicine.
Foram recuperados 663 itens no ano de 2004 e 132 itens no ano de 2005. Na lista do ano de 2005, foi feita uma amostragem por intervalos de 10 itens, resultando numa amostra de 12 itens. Na lista de 2004, foi feita uma amostragem por intervalos de 40 itens, resultando numa amostra de 16 itens.
Os resultados foram os seguintes: para o ano de 2004, 44% dos artigos não se referem especificamente nem a força, nem a exercício cardio-vascular/aeróbio, 50% se referem a exercícios cardio-vasculares/aeróbios e 6% a força. Para o ano de 2005, 25% não se refere a nenhum dos dois, 75% se refere a exercícios cardio-vasculares/aeróbios e nenhum artigo sobre força apareceu na lista.
Naturalmente, seria necessário um estudo cientométrico propriamente dito para corroborar ou não a hipótese original, mas esse pequeno exame sugere que ela tem consistência e que deveria ser investigada.

Marilia


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