Hoje perdi algo importante. Tão importante que sinto essa perda fisicamente. No momento da perda, foi como se a barra de supino armada com 40kg caísse no meu peito. O ar escapa, o diafragma contrai, sensação de asfixia. Depois fica a dor. Dói estranhamente, não é dor de treino, não é dor de nada – é uma dor do nada. Como se uma pneumonia diabólica tivesse me mantido acordada a noite toda, tossindo sem parar. Cada inspiração é um tiro no peito. O nada dói.
Tentei treinar. Durei 40 minutos, cada contração um esforço gigantesco. Até que uma hora meus músculos não contraíram mais. Não era fadiga. Não era nada. Era o nada. O nada rouba força, rouba ATP, rouba creatina.
Mandei inúmeros comandos para que o bíceps executasse a rosca direta, mas a barra permaneceu imóvel e eu, impotente, olhei meu corpo sem força no espelho. Olhei, mas não vi. O nada não tem imagem.
O nada mata.
Marilia