Nutrição esportiva baseada em evidência

Acabamos de criar este grupo porque avaliamos que existe um vácuo neste campo, bem como em tantos outros relacionados às ciências do esporte.

Em relação à nutrição esportiva em geral e especificamente no Brasil, observamos o seguinte:

  1. É um campo em formação, recente, onde entre o “market pull” e a “science push”, o primeiro é fartamente predominante. É a indústria da nutrição e suplementação esportiva, bem como a demanda do esporte profissional que vão à frente, criando protocolos e testando substâncias, antes que pesquisas metodologicamente bem fundamentadas possam alcança-las.
  2. O motivo é não apenas o aquecimento destas indústrias como a dificuldade intrínseca em conduzir experimentos com humanos neste campo. As dificuldades podem ser descritas como dificuldades metodológicas experimentais, metodológicas em tratamento de dados e éticas. Experimentos em nutrição propriamente esportiva implica realizar experimentos com atletas. Ratos não contam, “indivíduos treinados” não contam. Atletas de alto rendimento são indivíduos com alta especificidade genética e adaptações diversas que tornam suas respostas únicas, de modo que as obtidas com outros grupo não possam ser generalizadas para os primeiros. Dependendo do esporte, o tamanho da amostra é insuficiente. Dependendo do experimento, o protocolo não se torna aceitável por nenhum comitê de ética. É esperado que essa defasagem entre prática e conhecimento científico sobre causalidade e mecanismo continue.
  3. Que na pesquisa científica em geral há dificuldade ou falta de interesse em traçar uma linha demarcatória entre a nutrição e medicina do exercício e da estética e a nutrição e medicina do esporte. As primeiras têm como pacientes indivíduos envolvidos ou não em algum tipo de atividade física tendo como foco principal a estética e também a saúde. As segundas têm como pacientes atletas, cujo foco é performance e vitória competitiva. Os objetivos não poderiam ser mais diferentes e, portanto, as práticas também.
  4. Principalmente entre atletas, mas na população em geral, o grau de variação em parâmetros determinantes para decisões em nutrição é tão grande que as generalizações estão passando de fúteis a perigosas. Assim, pesquisas com indivíduos tolerantes a leite mostram seus benefícios para reposição de carboidrato e proteína pós-treino, são publicadas, generalizadas para a concepção de que “leite é bom como alimento pós-treino” e com isso adota-se uma prescrição que é potencialmente patogênica para 80% da população humana, que é intolerante a leite. Esse é apenas um exemplo.
  5. No Brasil, existem pouquíssimos laboratórios de pesquisa em nutrição esportiva, pouquíssima verba para os mesmos e, portanto, um avanço na área não é esperado em muitos anos. Catching up científico não ocorre da noite para o dia.
  6. Muitas das aplicações nutricionais de certas substâncias para condições patológicas graves surgiram na pesquisa em nutrição esportiva. Sua importância é imensa.

O objetivo deste grupo é trocar informações e experiência neste campo para o benefício de nutricionistas, atletas e simpatizantes.

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