O custo da delinqüência para a performance e para o bolso

A perda não computada causada pelo estelionado, inadimplência, incompetência e manipulação – hora de dês-brasilisar nossa vida social

Hoje meu dia foi perdido em todos os sentidos: não escrevi uma linha produtiva e meu treino foi quase inteiramente comprometido.

O dia começou às 8h da manhã, com uma pesquisa sobre procedimentos médicos inadequados sendo realizados num hospital público brasileiro. A “vítima” é um amigo meu. Há urgência na busca de uma alternativa para tais procedimentos. Há riscos sérios envolvidos. Há risco de vida. Usei o melhor da minha expertise como profissional da informação científica para abrir as caixas de pandora dos tais procedimentos. Centenas de páginas de documentos depois e vários contatos com profissionais, alguma luz apareceu no fim do túnel. Três horas foram consumidas neste processo, um pouco mais na verdade.

Naturalmente, nada disso seria necessário se o sistema público de saúde não fosse inoperante, se os profissionais não fossem tapados, seu nível de atualização científica indigente e se a prática institucional fosse minimamente mais ágil.

O custo em tempo foi esse, arrendondemos para 4 horas.

E o custo emocional? Não sei estimar. O horror, o medo de que algo grave ocorra com alguém que me é queridíssimo supera qualquer coisa. Minha cabeça pesa, os olhos ardem, a garganta aperta. Não faço idéia do que se passa com meu cortisol.

Mas posso imaginar, pois na primeira sessão de treino, minhas pernas não tinham a força esperada. Sessão rápida – a parte principal viria depois.

Às 15h, Ju veio me ajudar e dar apoio moral no que eu já suspeitava ser uma tarefa difícil: marcar um exame mais complexo. Meu seguro médico é da Medial, atual Amil. É um plano caro. Tenho direito adquirido a realizar este e outros procedimentos.

Quase duas horas de telefonemas depois, Ju já quase gritava ao telefone e eu berrei no mesmo ameaças horríveis, enquanto vozes ilógicas do outro lado davam instruções absurdas após NENHUMA clínica aceitar marcar o exame através da Medial.

São quase meia-noite e ainda estou envolvida nos desdobramentos desta delinqüência institucional, fazendo contato com meu advogado, colhendo instruções, fazendo denúncias em sites de defesa do consumidor, etc.

Foram 8 horas de tempo consumido. Pensei em treinar – a dor de cabeça, a ânsia de vômito, a congestão nasal indicam que não ia dar muito certo.

Esse exame foi pedido há um ano. Optei por não me envolver nessa guerra assassina porque para mim os campeonatos sul-americano e mundial eram mais importantes. Não me arrependo. Se eu tivesse tentado fazer o exame, não teria tido a performance histórica que tive.

Por que? Porque o grau de stress envolvido neste conflito, minuciosamente orquestrado pela Medial, é feito com a intenção de dissuadir o usuário de perseguir a defesa de sua saúde e lutar pelo seu direito de usufruir de um serviço JÁ PAGO.

Supondo que minha hora valha algo como US$150,00 em consultoria, só hoje, só em TEMPO, perdi US1.200,00.

E o desgaste físico? E se eu estivesse perto de uma competição? Qual o custo dessa ação da Medial? Como estimá-lo?

E se eu tiver mesmo que entrar com uma ação contra a seguradora? Até recolher toda a documentação e preparar o processo, não serão gastas menos de que 50 horas. Nas minhas contas, só em tempo isso dá US$7.500,00.

E em desgaste? Stress? Custos em saúde?

E em performance?

Eu gostaria de saber a resposta a estas perguntas.

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