Segurança em sala de musculação: o piso

Aí vai mais um pedacinho do futuro e-book sobre Segurança em Sala de Musculação – um tira-gosto.

Escorregar enquanto manipulando objeto pesado é das piores coisas que pode acontecer a alguém numa sala de pesos. O piso é, portanto, um dos primeiros itens de segurança.

 

Há pouco tempo eu dei um curso em uma sala de musculação com um lindo piso que certamente foi escolhido por um arquiteto como “piso para academias”. Eu fiz um teste e o google me jogou exatamente neste piso:

 

Ora, este é o pior piso possível para que pessoas circulem carregando pesos ou que executem qualquer movimento com sobrecarga. Não há nada de “anti-derrapante” nele: é escorregadio. Deve ser muito bom para algum tipo de dança, pois quando fui exemplificar um terra sumô quase executei um espacato.

Já este piso promete “absorver impacto”:

Que impacto? Se alguém cair no chão e o piso for revestido com este material, vai se machucar: não é um acolchoado ou tatame. Agora, se o que o fabricante tem em mente é que essa coisa absorve impacto de um peso caindo no chão, não consigo imaginar qual a concepção destes arquitetos, engenheiros ou outros profissionais sobre:

  1. O que é o peso (seu formato, volume e como cai no chão)
  2. De que altura o peso pode cair no chão, e, portanto, o quanto ele acelera

Um dia de levantamento terra não muito pesado destrói a base de cimento subjacente ao piso, eu garanto.

Agora: se o praticante pagou a anuidade dele e há uma sala de musculação, é inadmissível que um proprietário o proíba de realizar um dos três exercícios mais tradicionais do mundo com pesos, o levantamento terra. Assim, as seguintes alternativas podem ocorrer:

– o praticante executa o movimento e causa irregularidades no piso. Estas irregularidades passam a ser áreas sérias de risco, onde outro praticantes podem tropeçar, perder o equilíbrio, cair ou torcer o pé

– o proprietário adquire bom senso e cria áreas protegidas, pelo menos uma com uma proteção em camadas (madeira de uma polegada e borracha) onde o impacto da queda do peso é distribuído sem prejuízo da estrutura subjacente. Isso também é conhecido como “tablado”, mas o nome não é importante.

Pisos com beiradinhas soltas, buracos, pedaços de PVC em quadrados meio soltos (quem já não viu isso?) são acidentes pedindo para acontecer. O coitado do praticante já tem que prestar atenção no que os demais estão fazendo, nos equipamentos potencialmente lesivos (com pontas, chapas, pinos, barras, etc) e ainda por cima tem que olhar para baixo para verificar o estado do piso e não tropeçar em alguma aba solta?! É demais. Infelizmente, é a realidade de muita academia por aí e se você realmente quiser se proteger, é melhor se programar para ter olhos para tudo isso.

Para quem planeja uma academia tradicional, um piso destes convencionais, que de fato é mais fácil de limpar, pode ser a base da área de musculação e não há muito risco onde só existam máquinas. No entanto, na área onde as pessoas circulam com pesos (dumbells, barras, kettlebells, não importa), o piso deve ser emborrachado e muito aderente, como estes aqui:

Além disso, boa parte dos melhores pisos são pisos ecológicos, produzidos com borracha de pneu aglomerada. Para quem não sabe, a reciclagem de pneus usados sempre foi um problema ambiental sério e esta é uma solução interessantíssima:

  

Esperar que os proprietários de academia realmente adéqüem seus pisos à manipulação de pesos é uma expectativa paralela a de que entendam que máquinas são desnecessárias (ou pelo menos deveriam ser o menor componente) para o treinamento resistido. Assim, já que você vai ter mesmo que treinar num ambiente com piso ruim, preste atenção nos seguintes itens:

– se o piso for desses lindinhos, bem liso e asséptico, o dobro de cuidado com qualquer gota de líquido nele. Pense que se alguém treina mais ou menos sério, vai suar e suor é líquido. Gotas quase invisíveis de suor num piso deste fazem você escorregar e cair (eu já caí).

– se o piso for uma porcaria, de placas de PVC meio soltas, não tem jeito: ande olhando o chão para não tropeçar. Ou ande como uma garça – a questão do senso de ridículo deve ser pesada contra os riscos de segurança.

– se o piso tiver buracos, então, realmente olhe para o chão: o passo da garça não vai ajudar.

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