Bases fisiológicas de uma dieta vegetariana, ou a falta delas

A pedido do Deni, aí vai meu comentário contendo uma crítica às composições de dietas vegetarianas. As dietas vegetarianas são inadequadas do ponto de vista de seus macro e micro nutrientes.

A principal deficiência da dieta vegetariana do ponto de vista de sua composição macro-nutricional diz respeito à proporção de proteína para a de carboidratos e gorduras. Não há nenhuma possibilidade de compor uma dieta vegetariana com uma proporção adequada destes macro-nutrientes sem o recurso de muito suplemento nutricional. Plantas, mesmo as sementes mais protéicas, contém pouca proteína. Isso não é o pior: quando contém, seu Valor Biológico é baixo. Valor Biológico é um índice que mede o quão bem absorvida uma proteína é quando ingerida por humanos. O protocolo de determinação de VB em si envolve medidas de nitrogênio retido e tem sido objeto de críticas. A base fisiológica do conceito de valor biológico, no entanto, é sólida: diz respeito às proporções relativas dos aminoácidos que compõe a proteína e sua adequação à demanda nutricional humana. Grosseiramente, existem algumas proporções entre os aminoácidos essenciais que conferem com o que o nosso organismo necessita. Taxas diferentes dessa são “equalizadas”, de modo que o excedente de um ou outro aminoácido acabam sendo convertidas em carboidrato, via transaminação. Assim, gelatina tem um baixíssimo VB, pois como faltam nela alguns a.a. essenciais, os demais não são absorvidos da mesma forma.

Proteínas vegetais, em geral, tem baixo valor biológico. Proteína super hiper mega isolada e otimizada da soja tem o valor biológico “minimamente alto” que se admite, que é 70, mas isso para mim é um artifício de propaganda. Veja a tabela abaixo:

 

Valor biológico

Alimento

VB

Ovos

100

Claras de ovos

88

Aves

79

Peixe

70

Carne magra

69

Leite de vaca

60

Arroz não polido

59

Arroz integral

57

Arroz branco

56

Amendoim

55

Ervilhas

55

Trigo integral

49

Feijão de soja

47

Milho

36

Feijões secos

34

Batata

34

http://www.bodybuildingpro.com/proteinrating.html

 

Existem muitas divergências nos valores calculados e, com a introdução de formulações tecnologicamente avançadas de whey isolado, foram obtidos valores superiores a 100% de VB, o que torna o indicador questionável.

 

Duas fontes interessantes sobre esta questão são:

 

Study of the Correlations Between Biological and Chemical Measurements Of Food Protein Quality – M. Cresta, J. Périssé, M. Autret and E. Lombardo  

http://www.fao.org/docrep/meeting/009/ae906e/ae906e27.htm

 

http://en.wikipedia.org/wiki/Biological_Value

 

Como existe pouca proteína nas plantas e a que existe tem baixo valor biológico (portanto, pouco dela de fato servirá como bloco construtivo para tecidos), a dieta resultante para satisfazer minimamente a demanda protéica é hiper-calórica, hiper-glicídica e/ou hiper-lipídica. Traduzindo: para comer um mínimo de proteína de que o corpo necessita (de forma alguma nem perto do necessário para curar lesões ou hipertrofiar músculos, por exemplo), o vegetariano acaba ingerindo uma quantidade desnecessária de carboidratos ou lipídeos e engorda. Assim, ou o vegetariano é gordo, ou é magro e cheio de carências nutricionais.

 

Do ponto de vista micro-nutricional, a dieta vegetariana é pobre em ferro biodisponível (não adianta  chupar prego: o ferro bio-disponível ideal para consumo humano é aquele complexado no grupo heme, presente em proteínas animais como hemoglobina e mioglobina), cálcio e outros minerais. Relevante, do ponto de vista da biodisponbilidade destes minerais, é a presença dos xenobióticos vegetais. “Xenobiótico” é o termo utilizado para algo que tem atividade biológica e vem de fora: “xeno”, de fora, “biótico”, biologicamente ativo. As plantas, como já expliquei em outro post, não falam, não andam e não mordem. Seus mecanismos de recepção de informação, reação ao ambiente e a agressões é basicamente químico. Assim, elas produzem uma infinidade de substâncias que a evolução garantiu serem biologicamente ativas, e muito, em animais. Muitas são benéficas, outras bastante maléficas. Os remédios mais potentes ainda são de origem vegetal. Assim como os venenos.

A dieta vegetariana não consegue impedir a presença de uma quantidade enorme de taninos, fitatos, fito-estrógenos e outros componentes que não apenas podem interferir diretamente sobre o funcionamento metabólico humano, como podem na metabolização de outros nutrientes. Taninos e fitatos, por exemplo, inibem a absorção de alguns minerais fundamentais, entre eles o ferro. Fito-estrógenos são potencialmente cancerígenos, broxantes além de produzirem todo tipo de transtorno hormonal (e emocional) principalmente nas mulheres. A soja é riquíssima em fito-estrógenos.

 

Sobre a soja, já escrevi em outro post – nada de bom a dizer. Os links abaixo contém mais do que a informação necessária, mas ela contém substâncias com atividade hormonal (infelizmente, estrogênica, o pior possível), interfere fortemente no metabolismo de mulheres férteis, alguns de seus componentes têm atividade cancerígena, contém inibidores de proteinases (inibidores de tripsina) e são tóxicos para a tireóide. Acho que isso basta para assustar qualquer um. Minha experiência pessoal de consumo de leite de soja foi me transformar na TPM-woman e nunca mais quero rever a sensação.

 

Definitivamente, é uma dieta com um grande risco para a saúde.

 

Marilia

BodyStuff

 

Malefícios da soja – Links

 

http://www.dldewey.com/soyupd.htm (contem MUITAS referências bibliográficas importantes, tanto do ponto de vista clínico como político e econômico)

http://www.healingdaily.com/detoxification-diet/soy.htm

http://www.soyonlineservice.co.nz/02GRAS.htm

http://reliableanswers.com/med/soy2.asp

http://reliableanswers.com/med/soy.asp

http://www.thyroid-info.com/articles/soydangers.htm

http://www.foodrevolution.org/what_about_soy.htm

http://www.springerlink.com/content/h47820125h217250/

www.ithyroid.com/soy.htm

thyroid.about.com/cs/soyinfo/a/soy_p.htm

www.foodallergy.org/allergens/soy.html

www.ehponline.org/members/2002/suppl-3/349-353doerge/ehp110s3p349.pdf

www.zianet.com/desertskies/AvoidSoy.pdf

ratical.com/ratville/soydangers.pdf

http://www.glutenfreeforum.com/index.php?act=Print&client=printer&f=17&t=15577

 

Malefícios da Soja – Artigos

 

Excelente artigo, bastante neutro

JW Erdman Jr and EJ Fordyce, “Soy products and the human diet”. American Journal of Clinical Nutrition, Vol 49, 725-737, Copyright © 1989 by The American Society for Clinical Nutrition, Inc.

 

Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2002 Dec;11(12):1674-7.   Links

Dietary soy and increased risk of bladder cancer: the Singapore Chinese Health Study.

Sun CL, Yuan JM, Arakawa K, Low SH, Lee HP, Yu MC.

USC/Norris Comprehensive Cancer Center, University of Southern California Keck School of Medicine, Los Angeles, California 90089, USA. [email protected]

 

 

Goitrogenic and Estrogenic Activity of Soy Isoflavones

Daniel R. Doerge1 and Daniel M. Sheehan2

1Division of Biochemical Toxicology, National Center for Toxicological Research, Jefferson, Arkansas, USA; 2Daniel M. Sheehan and

Associates, Little Rock, Arkansas, USA

http://www.ehponline.org/members/2002/suppl-3/349-353doerge/ehp110s3p349.pdf

 

Department of Food Science, University of Illinois, Urbana 61801

http://www.ajcn.org/cgi/reprint/49/5/725

 

The USDA trypsin inhibitor study. I. Background, objectives, and procedural details

Journal Plant Foods for Human Nutrition (Formerly Qualitas Plantarum)

Publisher          Springer Netherlands

ISSN   0921-9668 (Print) 1573-9104 (Online)

Subject            Biomedical and Life Sciences

Issue    Volume 35, Number 3 / September, 1985

DOI     10.1007/BF01092196

Pages   213-242

SpringerLink Date        Monday, February 07, 2005

 

 

 

Int J Food Sci Nutr. 2006 Nov-Dec;57(7-8):434-50.

Related Articles, Links

 
Statistical model for predicting non-heme iron bioavailability from vegetarian meals.

Chiplonkar SA, Agte VV.

Agharkar Research Institute, Agarakar Road, Pune, 411 004, India. [email protected]

 

J Am Coll Nutr. 2006 Feb;25(1):26-33.

Related Articles, Links

 
Predicting bioavailable zinc from lower phytate forms, folic Acid and their interactions with zinc in vegetarian meals.

Chiplonkar SA, Agte VV.

Agharkar Research Institute, G G Agarkar Road, Pune 411 004, India. [email protected]

 

Int J Food Sci Nutr. 1995 Nov;46(4):335-42.

Related Articles, Links

A quantitative model for prediction of iron bioavailability from Indian meals: an experimental study.

Anand AN, Seshadri S.

Department of Foods and Nutrition, M.S. University of Baroda, India.

Br J Nutr. 2005 Jul;94(1):78-83.

Related Articles, Links

 
Pork meat increases iron absorption from a 5-day fully controlled diet when compared to a vegetarian diet with similar vitamin C and phytic acid content.

Bach Kristensen M, Hels O, Morberg C, Marving J, Bugel S, Tetens I.

Department of Human Nutrition, Centre for Advanced Food Studies (LMC), The Royal Veterinary and Agricultural University, Frederiksberg, Denmark. [email protected]

Am J Clin Nutr. 2000 Apr;71(4):937-43.

Related Articles, Links

 
Estimation of nonheme-iron bioavailability from meal composition.

Reddy MB, Hurrell RF, Cook JD.

Department of Medicine, Kansas University Medical Center, Kansas City, USA. [email protected]

 

Experientia Suppl. 1983;44:223-44.

Related Articles, Links

Iron requirements and bioavailability of dietary iron.

Hallberg L.

 

           

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima