A campanha pela “torcida brasileira” tem como único objetivo reforçar um dos sentimentos mais nefastos que existem: o patriotismo. O patriotismo é uma atitude fomentada pelo Estado Moderno para que a população de um determinado território o apoie. Esta população se encontra em tal território (“país”, qualificando-a como “nação”) por motivos históricos que não embasam nem interesses comuns, nem culturas semelhantes, nem a mesma etnia e nem projetos políticos parecidos. O patriotismo tem como principal objetivo passar a borracha sobre a heterogeneidade desta população e forjar um sentimento artificial de irmandade para melhor manipular a mesma.
O patriotismo visa, entre outras coisas: a. minimizar as reações contrárias a guerras entre países, fazendo com que uma população heterogênea apoie os interesses daquele governo num conflito internacional; b. criar solo fértil para a implantação ou manutenção de governos populistas (fascistas, stalinistas, ou suas versões mais “light” como as recentes Latino-americanas).
A vitória de uma equipe brasileira no futebol, que está tradicionalmente ligado a uma postura irracional das torcidas, criará solo fertilíssimo para as campanhas de grupos (partidos e coalizões) populistas nas próximas eleições. Para o governo, este é o principal, se não o único, objetivo da Copa.
“Torcer” não faz a menor diferença no resultado de um jogo. No entanto, faz toda a diferença no curso de uma campanha eleitoral. É bom pensar nisso antes de agitar bandeirinhas.