Hoje, conversando com duas grandes amigas, perguntei retoricamente a uma delas (porque na verdade eu é que queria responder): “o que você faria se ganhasse na mega-sena, uns 15 milhões?” E respondi, já que a pergunta era para mim.
Eu viajaria um pouco com a Mel, teria mais tempo todos os dias para almoçar com ela e nunca mais teria a saudade que tive dela essa semana inteira; eu investiria em todos os sonhos dela e passaria tempo escutando todos eles; eu jogaria um milhão de reais no projeto dos meninos aranha (http://www.bodystuff.org/meninosBB.htm ), que desenvolvi a partir da minha experiência com o assalto no centro de Sampa (Sobre meninos e aranhas ); eu teria muito mais tempo para escrever meus livros e meus artigos, pagando os serviços menos importantes; escreveria, entre outros, meu livro sobre desordem bipolar e atividade física e o livro sobre musculação para mulheres com meu amigo Braulio; eu investiria toda a grana necessária no projeto editorial do meu amigo Cadu, que não posso detalhar aqui, mas do qual faço parte; eu criaria uma ONG com a galera do Ironpump, onde forneceríamos informação de alto nível e acessível aos milhares e milhões de jovens que buscam atividade física com os mais diversos objetivos, nobres ou não, mas merecedores da dignidade mínima de fazer escolhas informadas; onde oferecêssemos bolsas aos atletas bodybuilders e dos esportes de força; eu teria um instituto para desenvolver todas as atividades necessárias que se relacionassem com minha convicção de que as pessoas só se realizam plenamente na sua condição humana se integrados – corpo e alma; eu criaria uma revista apenas sobre manipulação nutricional e suplementação porque acredito na importância de ambos; eu promoveria congressos técnicos para marombeiros trocarem idéias, no espírito do que rolou em Igarapava;.
No fundo, acho que, resumindo, eu investiria em três coisas: no meu grande amor, minha filha Mel; na minha fé no poder libertador da informação para restaurar a liberdade, a dignidade e a auto-suficiência das pessoas para tomar a melhor decisão possível para si mesmas; e na minha paixão e compromisso com as Iron Arts.
Fazer esse exercício de levar os desejos ao extremo, eliminando imaginariamente a barreira financeira, me fez entender as grandes e dolorosas broxadas desta semana. E talvez a forma de superá-las.
Me fez entender, também, que estes são meus sonhos, sonhos solitários, que podem encontrar parceiros que caminham trechos comigo, mas são essencialmente meus. E que está na hora de me apropriar plenamente deles, sem buscar muletas e âncoras em outros que pareçam legítimos atores mas não são os autores dos sonhos: são só meus, eu mereço sonhá-los e lutar por eles.
Marilia
BodyStuff