Ou cubital tunnel syndrome. Tentei por um tempo lidar com ela do meu jeito, ou seja: ignorando-a. No pain, no gain. A origem dela não foi mistério, nunca: abri demais a pegada do meu supino, esperando com isso obter mais vantagem mecânica. Certamente exagerei. Existe uma abertura ótima de pegada para cada atleta e pelo que pude concluir do que existe publicado (http://rapidshare.de/files/33850220/BP_grip.zip.html ) e da experiência do meu técnico, mais do que biomecânica determina qual é. A técnica que o sujeito domina ou não, sua estrutura muscular e as particularidade anatômicas e fisiológicas, no fim, é que vão pesar. E por “particularidades”, entende-se tudo que é totalmente individual, irredutível a estudos com pretensão epidemiológica ou de validade universal. Sei lá: é assim que é o MEU, e somente o meu, tríceps, deltóide, nervo, o escambau.
Faz algumas semanas que estou driblando essa dor e finalmente, a semana passada, resolvi ir ao Fabiano (meu ortopedista). Pedi a ele para inventar um jeito de eu: 1. não parar de treinar PESADO; 2. não tomar anti-inflamatório; 3. não ter muita dor; 4. não deixar de subir minhas marcas; 4. competir o resto dos eventos do ano. Pobre Fabiano. Ele sempre faz alguma mágica e a que eu mais gosto é eletro-acupuntura, que sempre me deu resultados sensacionais.
Ele disse que tentaríamos, mas me explicou que seria diferente. O que eu tenho agora é uma lesão em nervo, e não muscular ou articular. A resposta ao tratamento é bem diferente. Essa lesão é uma compressão do nervo ulnar, também chamada de “cubital tunnel syndrome”. O nervo ulnar começa na espinha e percorre o braço até os dedos exteriores da mão. No percurso, ele se aloja no chamado “cubital tunnel”, atrás do cotovelo. Esse túnel é formado por músculos, ligamentos e osso.
Causas diferentes podem levar o nervo a se irritar e, comprimido no túnel, produzir uma série de sintomas desagradáveis que incluem dor e adormecimento de partes do antebraço e dedos, até a perda de força e capacidade de contração dos dedos. No meu caso, é dor forte no cotovelo e antebraço e algum adormecimento no antebraço.
Fiz uma busca na literatura para me entender com minha lesão, que é o meu jeito de lidar com as coisas. Não sei se gostei muito de me dar conta de que a solução cirúrgica, que envolve a descompressão simples do nervo, é uma possibilidade concreta. Não sei se confio nisso e se não tenho muito medo das chances de que isso prejudique meu progresso em performance no supino. Preocupação frívola? De modo algum. Só um outro atleta comprometido e apaixonado pode entender a ansiedade que os desdobramentos de uma lesão causam. Ou médicos que lidam com essas criaturas ao mesmo tempo tão colaborativas e tão rebeldes, os atletas.
Marilia