Meu sonho – aos meus amigos escritores, cientistas sociais, artistas, designers e principalmente “ou

Meu sonho – aos meus amigos escritores, cientistas sociais, artistas, designers e principalmente “outros” (e também aos atletas, educadores físicos e colegas de trincheira)

É sobre o JMF – o Jornal da Musculação e Fitness.

Dia 20 de março eu fiz um apelo aos amigos da “área” para que tomassem uma atitude pró-ativa em defesa de uma mídia e canal de comunicação comprometidos com o interesse público e a verdade. O objetivo era agregar esforços aos nossos, fortalecendo um projeto consistente. Não adiantou nada, claro: acho que quando as pessoas leram “Por que assinar o JMF – argumentos em defesa do direito à informação crítica e isenta” devem ter pensado que era apenas eu, fazendo propaganda da revista para a qual eu escrevo. A maioria não deve ter nem lido (eu copiei lá embaixo o email original).

Mas eu sou daqueles bichos insistentes quando se refere a um projeto desses viscerais – e deles, eu tive um par de três na vida. Só que dessa vez, não falo aos colegas de esporte, profissão e trincheira. Daquela forma, o sub-texto pressupõe que seja só o pessoal ligado ao treinamento resistido. Não: essa carta é dirigida a todos os meus contatos.

Dirijo-me aos antigos colegas de formação acadêmica, para começar. Em primeiro lugar, porque são mamíferos, bípedes, seres vivos, e, porque por termos atravessado juntos os corredores gratuitos da Torre de Marfim Uspeana, temos uma obrigação em zelar pela melhor evidência científica, doa a quem doer. Mesmo que o dolorido seja você mesmo, ou o chefe do seu departamento, ou seus alunos, ou o proprietário de sua academia-boate, freqüentada mais por culpa do que por convicção – não importa, você tem uma obrigação em relação à crítica por ter sido agraciado com verba pública para tanto. Você acha que a informação contida em nossas páginas é menos fidedigna do que a do Caderno Equilíbrio da Folha porque este último evita as imagens que lhe provocam a reação de diferenciação? Seu preconceito? Vamos lá, colega! Auto-reflexão na veia! Você morre de dor nas costas todo dia, tem calafrios com seus triglicérides fora de esquadro, não sabe mais como controlar seu sobrepeso e não vai ler nossa revista por causa de um preconceito que com 30 segundos de boa antropologia você desconstruiria? Saia dessa: a turma do “não li e não gostei” não tem lugar num futuro cheio de surpresas e que exigirá de nós criatividade, versatilidade e um mínimo de tolerância.

Dirijo-me à minha família e amigos íntimos, que não são atletas, nem educadores físicos e nem “colegas de trincheira” na guerra heróica contra o preconceito acima. Não ainda. O motivo, aqui, é amor: essas são pessoas cujo bem estar me importa acima de tudo. O JMF é um projeto onde empenho o melhor de meu esforço por acreditar que efetivamente a informação contida nele tem o poder de mudar a qualidade de vida de quem lê. Posso apostar meio quilo de cerejas (frescas, sim, adoro) que você vai gostar de 25-85% do conteúdo. Se você for muito chato e resistente, 25%. Se você for cabeça-aberta, de 85% para cima. E isso porque nem educador físico você é!

Dirijo-me finalmente aos meus amigos e contatos da mídia, artes, publicidade e áreas afins. Perdoem-me a redundância, mas, em primeiro lugar, porque são bípedes, mamíferos e, pela lógica, zelam minimamente por sua saúde. Mas também porque seu input sobre o formato e estilo da informação me interessa.

E por que me interessa? Porque o Eugênio tem um sonho, vários sonhos, múltiplos sonhos e porque ele pôde sonhar, gerações de nós, engajados no projeto de um conceito abrangente e inclusivo de saúde, também puderam sonhar. Hoje nossa revista é lida por algumas dezenas de milhares de pessoas. Poucas. Eu sonho com muitas dezenas. Eu sonho com algumas centenas de milhares. Eu sonho com todas aquelas que possam compreender as palavras do texto contido em nossa revista – isso dá muitas centenas. Escrevemos com o cuidado da clareza e da inclusão.

Vou ainda mais longe: sonho com um mundo em que milhões tenham acesso a essa informação fidedigna (baseada na melhor evidência científica e também na vanguarda do saber prático), estimulante, fascinante, surpreendente e divertida. Milhões que possam ler nosso conteúdo e tomar uma decisão segundo seu melhor interesse. Milhões que, através dela, tenham as armas para se defender das mentiras de um mercado do fitness inescrupuloso e selvagem, onde vale tudo para ganhar de centavos a milhões, às custas da saúde de todos.

É irracional? Inatingível? Pode ser. Mas todo sonho é um Norte para a ação. Um formato para o desejo. Um horizonte para a felicidade. Sem ele, morremos. Por isso apresento de novo (e de novo, e de novo…) o projeto que abracei ontem, abraço hoje e abraçarei amanhã do JMF.

Dessa vez, não me dirijo aos amigos atletas, educadores físicos e “parceiros de trincheira”: assumo que, simplesmente por me conhecer, já estão devidamente apresentados ao JMF e conhecem meu compromisso com a revista.

Se um, apenas um dos que receberem este e-mail ou lerem este post de blog comprar a revista, venci. Se um, apenas um, a assinar, venci ao cubo.

Importa para mim? Não: eu luto do mesmo jeito, vencendo ou não.

Saudações,

Marilia

 

—– Original Message —–

From: Marilia Coutinho

To: merton.mzm@gmail.com

Sent: Saturday, March 20, 2010 7:35 PM

Subject: Por que assinar o JMF – argumentos em defesa do direito à informação crítica e isenta

 

Caros colegas de esporte, profissão e trincheira,

A maior parte dos que estão recebendo este email está direta ou indiretamente relacionada à Grande Área da Saúde em sub-áreas diversas como a Educação Física, a Nutrição, a Educação ou a Medicina.

Alguns estão mais diretamente ligados ao mercado (proprietários de academias, de lojas de suplemento ou fábricas de equipamento), outros à prática (treinadores e atletas) e outros ao saber (pesquisadores, professores).

Independente da categoria em que você esteja, é preciso ter claro que o amplo universo destas áreas é inundado permanentemente por simplificações perigosas, propaganda enganosa, mentiras ou mesmo o mais escancarado charlatanismo.

Infelizmente, colegas, isso tudo dá dinheiro. Esse é o mundo em que vivemos.

Diante de cada um de nós se coloca uma escolha: ficar imóveis, observando o crescimento de falsas promessas, modismos infundados e besteirol puro, ou reagir? Aceitar a expansão das iniciativas que ferem a dignidade de nossas práticas profissionais e esportivas, desrespeitando a verdade (sempre provisória, mas sempre e necessariamente fundamentada) ou resistir dentro dos princípios que sempre soubemos ser o certo e o ético?

Eu sou uma mera articulista e leitora do JMF, como boa parte de vocês. Mas sei, hoje mais que antes, que este veículo é a ferramenta com a qual contamos para tomar as melhores decisões possíveis nesse mar de discursos confusos.

Venho aqui fazer uma proposta a vocês que necessitam desta informação de qualidade para tomar decisões, para trabalhar, para treinar ou para se entreter. Proponho que vocês reflitam sobre o quanto resistir a uma tendência dominante de "boaformização" da informação é uma responsabilidade de cada um de nós ou não: só um pequeno grupo deve exercer essa função.

Acho que a História já mostrou que a primeira alternativa é a correta. Se VOCÊ precisa dessa informação, então defenda-a. Tome uma iniciativa. Assine a revista. Escreva para ela. Discuta com os amigos.

Se você é empresário, anuncie no JMF em vez de jogar seu dinheiro fora em veículos cujo conteúdo não imprime a devida seriedade e credibilidade ao seu produto.

Se você é dono de academia, ofereça ao seu aluno a oportunidade de aprender um pouco sobre seu treinamento e suas opções. Ajude-o a superar a alienação e se apropriar de seu próprio corpo: garanto que a informação crítica é uma poderosa ferramenta de retenção de clientela.

Finalmente, acho importante deixar claro o motivo dessa minha campanha, já que neutralidade de interesses não existe. Como escritora técnica, quero defender o espaço que tenho para escrever o que acho certo: informação crítica, com a melhor evidência científica do momento e sem rabo preso com agendas comerciais ocultas.

Assinando a revista e contribuindo para manter vivo este espaço de informação, entretenimento e reflexão crítica sobre treinamento, ganha você, ganho eu, ganham nossas profissões e ganha toda a população, pois o profissional crítico transforma o que aprende em ação em prol da Saúde pública.

Obrigada,

Marilia

 

Novamente no ar, totalmente reformulado o site da revista JMF

acesse: www.jmfbrasil.com.br

Edição 78, nas bancas no final de março.

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