Para que serve uma academia – em defesa da única academia séria, básica e hard-core de Brasília

 

Antes de mais nada, esse é um texto de defesa de um projeto, de um ideal e de um amigo. Pela primeira vez uso este espaço para tentar mobilizar pessoas a agir, e não apenas a pensar. Portanto, se você está lendo isso, termine o texto e por favor: faça algo. As opções serão sugeridas.

 

O Brasil hoje é o 4º mercado mundial de fitness, se considerado o número de academias, e 3º, se considerado o número de freqüentadores. Os dados já defasados de 2005 mostravam que o país possuía mais de 7000 academias, com uma média de 610 alunos cada e mensalidades médias de R$ 80,00. O faturamento anual em 2005 era de R$ 3,25 bilhões. A distribuição das academias pelo país é a seguinte, segundo a Fitness Brasil:

           

Sudeste

4.840

Rio Grande do Norte

47

Norte

133

São Paulo

3.200

Paraíba

39

Pará

49

Rio de Janeiro

900

Alagoas

31

Rondônia

27

Minas Gerais

664

Sergipe

26

Amazonas

24

Espírito Santo

76

Maranhão

23

Acre

18

Sul

991

Piauí

18

Amapá

8

Paraná

445

Centro-Oeste

653

Roraima

7

Rio Grande do Sul

306

Distrito Federal

263

 

Santa Catarina

240

Goiás

153

Nordeste

705

Mato Grosso do Sul

104

Bahia

315

Mato Grosso

83

Ceará

108

Tocantins

30

Pernambuco

98

 

TOTAL 7.000

(*) Estimativa da Fitness Brasil.

 

Estes números dizem muito, mas também escondem muito. São médias, como dizem epidemiologistas, entre elefantes e mosquitos. Existem algumas academias de grande porte, com estrutura de rede, que conseguem, por isso, cobrar mensalidades altas porém acessíveis à classe média, como a Runner, a Bio-Ritmo e outras em São Paulo. São as chamadas “academias B”. Existem algumas poucas academias que cobram mensalidades altíssimas, oferecem alguns confortos adicionais e servem um público de alta renda. Exemplos, ainda em São Paulo, são a Fórmula ou a Companhia Athletica.

Existem academias menores, chamadas “de bairro”, que hoje em dia disputam a clientela das academias B. Isso ocorre porque algumas academias B, como a Bio-Ritmo, conseguiram oferecer planos bem mais acessíveis, a um custo pouco maior do que as academias de bairro. A disparidade na qualidade e variedade de serviços, no entanto, é grande e tende a aumentar: enquanto as de bairro raramente oferecem natação, os horários de aulas coletivas coreografadas (step, aulas de dança, aeróbicas diversas e todas aquelas frescuras que nasceram com a Body Systems) são restritos e os equipamentos são “bonitinhos mas ordinários”, as academias B têm belíssimas piscinas, aulas variadas e, através de convênios inteligentes, equipamentos de alta qualidade (algumas Runners possuem equipamentos Lifefitness, Cybex, Technogym e Hammerstrength, “top of the line” na categoria). A tendência parece ser a expansão das redes, especialmente com a entrada agressiva da Gold’s Gym no Brasil (com a qual é muito difícil competir em qualquer quesito), a retração das academias de bairro “metidas a bonitinhas” e a especialização de nichos. As academias com algo realmente diferenciado a oferecer tenderão a prosperar, mas são poucas.

Esse é o cenário dos serviços na área de fitness e condicionamento físico para a classe média.

O que a iniciativa privada tem a oferecer ao público C, que não pode pagar mais do que R$ 60,00 por mês? Uma infinidade de pequenas academias de todo tipo de qualidade. São elas que “puxam” a média de mensalidade que a Fitness Brasil obteve para o valor intermediário de R$ 80,00.

Entre elas, existem academias que pateticamente tentam imitar as chamadas “academias de playboy”. Não dá: os equipamentos que imitam a LifeFitness são uma droga, são ergonomicamente mal planejados e só machucam o usuário. Em vez de investir em um bom amigo serralheiro e manter um equipamento funcional e prático, os donos dessas academias enganam a si mesmos. Existem outras que são garagem mesmo: buracos com um par de pesos em que meia dúzia de garotos ensaia treinar. Com sorte, aprendem alguma coisa, já que o melhor laboratório é o próprio corpo. Nessa brincadeira, algumas evoluem para coisas sérias.

Mas é também entre estas academias “de pobre”, com mensalidades em torno de R$ 50,00-60,00, que estão as que considero as melhores academias do país. E digo por que: as academias de rede contratam jovens egressos das faculdades de Educação Física equilibrando uma avaliação sobre um conhecimento técnico que eles nem podem ter de qualidade (pois as faculdades não oferecem, especialmente no que diz respeito ao treinamento de força) com sua aparência (há um padrão estético rigorosamente seguido pelo contratante que favorece moças magras e homens de muscularidade moderada, com baixa gordura corporal). Já as boas academias “de pobre” são produto de sonhos e ideais sérios de atletas e profissionais da atividade física. Quem abre uma academia desse tipo o faz porque acredita no que quer, ama o treinamento, estuda e conhece muito mais do que a grande maioria dos professores de faculdades de Educação Física. Essas pessoas sabem como deve ser um equipamento e parte deles foi feita sob medida, pelo “serralheiro amigo” ou às vezes pelos próprios, como conheço alguns casos.

Amigo: seu músculo não sabe a diferença entre uma anilha emborrachada (que aliás é um inferno para se enfiar nas ridículas barras cromadas das academias A e B) e uma boa anilha de aço, tosca e forte. Nem sabe a diferença entre uma remada baixa numa multi-estação inventada, onde você se senta no chão e puxa o triângulo com facilidade, e outra da Cybex que custa US$ 6.000,00. O custo de US$ 500.000,00 investido para equipar uma sala revestida de carpete com equipamentos Lifefitness, quem paga é você, com sua mensalidade de cerca de R$200,00. Já seu corpo… Nunca vai sentir a diferença.

Mas a diferença entre um jovem inseguro, que mal sabe as variações possíveis do agachamento e os riscos de sua execução em postura inadequada, e um profissional com experiência e conhecimento, certamente vão se refletir no resultado do seu programa.  Infelizmente, talvez também nas lesões ocasionadas pela negligência involuntária que ocorre nas academias “frescas”.

 

A Academia do Caramello

 

A academia do Caramello é a única desta categoria em Brasilia, que tem 263 academias – mais do que os Estados de Goiás e Mato Grosso juntos, mais do que o Estado de Santa Catarina inteiro.

Brasília é uma cidade única: com um custo de vida exorbitante e aluguéis fora da realidade (eu morei em Brasília e vi com meus olhos), é habitada por funcionários públicos e trabalhadores do setor terciário. Abaixo de um estrato pequeno com altíssimos salários, a grande massa dos moradores da cidade ganha mal.

Quando eu cheguei a Brasília, lembro do que meus amigos diziam: ou você vence e “suporta” Brasília, ou ela vence você e você a abandona. Essa era uma percepção pessimista, mas refletia algo que aprendi a ver naquela cidade: a taxa de solidão e frustração, talvez pela predominância do serviço público, é gigantesca.

Salários baixos + frustração + solidão + stress = perdas na saúde e bem-estar. Agora me pergunto: sabendo que a recuperação de um mínimo de bem estar passa por um trabalho de condicionamento físico, por que gastar o pouco dinheiro que se tem em mensalidades de academia que não vão oferecer o que o consumidor necessita?

O que falta é cair a ficha de que o serviço que importa não está nas academias fakes da vida, e nem mesmo nas A e B. Está mais perto do que se imagina e a um custo muito menor.

O endereço está logo abaixo deste texto.

 

Caramello e o esporte nacional

 

Kleber Caramello, querendo ou não seus desafetos, é uma referência nos esportes de força no Brasil (powerlifting, strongman, luta de braço, fisiculturismo e levantamento olímpico). Ele mesmo é atleta de powerlifting. Divulga como ninguém os esportes em revistas (como o Jornal da Musculação e Fitness) e na internet, estimula atletas iniciantes e treina gente sem pedir nada em troca. Esses esportes são praticados no país inteiro por gente pobre, que luta com dificuldade. Essas pessoas têm no esporte uma das poucas fontes de alegria e auto-estima, bem como base para a disciplina e determinação necessárias para enfrentar uma vida sempre dura e cheia de adversidades. São esportes que têm muito pouco e pouca gente missionária para tocar para frente. Se a academia do Caramello não se mantiver aberta, a perda para Brasília é grande, mas para o esporte nacional é inominável. Está na hora de acordar e mostrar que nós, atletas e amantes do esporte sabemos ser solidários e ajudar a resolver esse problema que hoje afeta um de nossos irmãos, mas amanhã pode afetar a todos nós.

 

Faça algo

 

  1. Envie o link deste texto a amigos e conhecidos, especialmente de Brasília;
  2. Largue a porcaria da sua academia fake e vá treinar de verdade na academia do Caramello;
  3. Escreva para ele e tire suas dúvidas;

 

Endereço do Caramello

 

707 Asa Norte Bl.C Loja 57

Atrás da Pizzaria Primo Piato

Fone 3032 2992 

Aberto Das 8 As 22 Horas 

 
Kleber Augusto Caramello

 

Marilia

 

BodyStuff

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