Escrevi isso porque só este ano, três atletas “wannabe” próximos de mim deixaram de ter qualquer performance em nome de relacionamentos parasitários. Ao longo dos meus vários anos de vida esportiva, perdi a conta de quantos. Ao longo da minha vida de cientista, vi menos casos de fracasso total porque infelizmente o sistema acadêmico abriga os medíocres: o cara nunca vai dar uma grande contribuição, mas chega a ter “um lugar ao sol”. Na arte, vi um par de talentos abortados. Não lamento nenhum. O livre-arbítrio é soberano.
Também escrevi para colocar um ponto final nessa discussão. Essa é minha posição, sempre foi e dificilmente mudará. Tentar me engajar numa discussão sobre o tema depois deste esclarecimento se traduz numa provocação hostil e não dá para esperar uma reação benigna.
– por definição, todos nascem protagonistas das próprias vidas
– aqueles que optam por simular o papel de coadjuvante da vida de outrem estão deliberadamente criando um script paralelo que corrompe os dois anteriores: cria-se duas histórias sem protagonista
– Esse papel coadjuvante manipulado em geral por cônjuges (mas pode ser por progenitores, irmãos ou outros papeis relacionais) não é o de simbiose. Simbiose é uma relação inter-específica onde os dois membros dependem da existência do outro a ponto de formarem uma entidade única, como os liquens (uma alga com um fungo). Não há mais a identidade separada das partes. O que ocorre nas situações com coadjuvantes humanos é PARASITISMO, uma relação no espectro negativo das interações, onde uma parte se nutre da outra.
– Curto e grosso, coadjuvantes são, na melhor das hipóteses, como lombrigas, que podem conviver e debilitar o hospedeiro por um tempo, mas podem facilmente matá-lo.
– Se você justifica a relação com seu cônjuge porque ele/a “o apoia” você escolheu ter um coadjuvante. A intenção é bastante reprovável: você quer alguém que abra mão do próprio protagonismo para favorecer o seu. Assim, você é moralmente reprovável. O que você não sabe é que está oferecendo alimento a um parasita que vai se nutrir do seu sangue.
– Se você justifica a relação com seu cônjuge porque “ela o faz feliz”, mesma coisa. Ninguém nasceu para fazer o outro feliz: nascemos para lutar duramente pela nossa própria felicidade e, fazendo-o com ética e retidão, promover felicidade em terceiros.
– Isso não quer dizer que toda relação conjugal deva ser parasitária, embora o ethos dominante as empurre para esta condição. Abundam na história exemplos de casais não parasitários, nem sempre harmônicos. Até aí, quem é? Onde é que a excelência e a harmonia convivem bem? Eu também gostaria de saber.
Assim:
- Num sistema “hominho-mulherzinha” (hospedeiro-parasita), nenhum dos dois presta
- Ambos promovem um modelo relacional destrutivo e, portanto, mau exemplo para as novas gerações