Quebrei a perna, mas não caio

Literalmente, não é metáfora. Agachando com um peso relativamente leve, fiz uma fratura proximal na fíbula. Não é possível saber a causa exata. Hipóteses incluem uma certa instabilidade no pé, fratura por stress de overuse pelo treino anterior e até mesmo um desvio congênito da patela que faz com que o enfaixamento do joelho, no meu caso, seja crítico (necessariamente com a patela para dentro).

A parte de cair é metafórica: tanta gente torce contra mim que é fácil, num momento desses, justo quando meu agachamento estava ficando cada dia melhor, deixar a moral baixar. É uma lesão chata, já comprometeu todos os meus objetivos com agachamento e levantamento terra pelo semestre, mas de modo algum me derruba: tenho o supino, e tenho muito a supinar.

Quebrei a perna ontem, ouvi o barulhinho do osso quebrando quando estava com o peso nas costas, na terceira repetição com 130kg. Não fiz escândalo, saí sorrindo e amanhã volto para dar aula E TREINAR. Sim: treinar supino e auxiliares. E sexta feira os demais de membros superiores.

Não é dos momentos mais fáceis: estou morando sozinha, minha filha está com os avós e namorado, meus pais viajam amanhã para os Estados Unidos, conto com dois irmãos super-solidários, porém ocupados. E minha filha, também ocupada, que virá para cá de vez em quando me ajudar.

Doeu? Doeu. Não gosto de dor. Tive vontade de atirar o celular na cara do idiota do médico que me lançou um sorriso falso e forçado me dizendo que me dar “lisador” era “procedimento regulamentar”. O mínimo que eu merecia era um tramal ou opióide. A mediocridade e comportamento burocrático me irritam – essa falta de capacidade de integrar o Tico e Teco. E, convenhamos, com a perna quebrada, medo de ficar de fora de competições, confusão sobre como organizar a vida – não estava no melhor do meu humor. Fui estúpida o suficiente para que ele me passasse para outro médico.

O do sorriso amarelo veio me falando em necrose, internação urgente e cirurgia imediata. Opa! Devagar com o andor! O segundo me perguntou se já havia feito alguma cirurgia antes, eu disse que sim. Ele evidentemente se intimidou com o nome do cirurgião. Que é sim, um super nome, mas nem sabe o que é um leg press ou um suporte de agachamento. Meu guru mesmo é Fabiano Rebouças, ortopedista do Hospital do Servidor Público e da Clínica Berrini. Não dou um peido sem falar com ele. O celular dele não estava na agenda, meu próprio celular perdeu a carga com aquele monte de aparelho do São Luis e aí sim comecei a ficar muito estressada.

Stress esse que passou hoje de manhã, quando me encontrei com ele e a hipótese cirúrgica foi afastada, o tratamento é muito mais tranqüilo e minha vida esportiva intacta.

Então ficamos assim: a lesão está aí, quieta, vai melhorar sozinha com muito cuidado e proteína e eu estou aqui, nada quieta e no mesmo ritmo. Fabiano está lá para salvar minha vida de vez em quando.

Não foi dessa vez ainda que eu caí. E não será tão cedo. Guerreiros são guerreiros – caem mesmo só quando acabam.

 

Marilia

BodyStuff

 

 

http://www.japmaonline.org/cgi/content/abstract/93/4/340 – importante, porque aborda a fratura proximal

 

http://www.mc.uky.edu/Surgery/sportsmedicine/healthInfo/Fibular_Fracture.html – excelente descrição

 

http://www.orthopaedicweblinks.com/Orthopedic_Topics/Trauma/Tibia_and_Fibula/Tibia_Fibula_Fracture_Abstracts/index.html – coleção interessante de links acadêmicos

 

http://www.hwbf.org/ota/am/ota02/otapa/OTA02745.htm – achei esse interessantíssimo pela intervenção com “suplemento”, embora não nutricêutico

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