Um quarto da população brasileira faz fotossíntese, segundo PT

Essa foi uma conclusão que eu considerei possível depois da leitura da “Cartilha das Universidades”, documento disponibilizado no site do Programa Fome Zero (http://www.fomezero.gov.br/download/Cartilha_Universidade.pdf).
Walter Belik explica claramente como a equipe do governo escolheu a metodologia para identificação das vítimas da fome no Brasil.

A primeira é uma medida direta, utilizada pela organização mundial de saúde (OMS) e, aqui no Brasil, por alguns pesquisadores, entre eles C.A. Monteiro (http://hygeia.fsp.usp.br/~nupens/). Trata-se de identificar os adultos emagrecidos numa população. Fome, do ponto de vista epidemiológico, é uma das formas de desnutrição: a deficiência energética crônica. Qualquer indivíduo submetido a deficit calórico crônico perde massa corporal – é inexorável. Segue-se daí que um país onde a fome seja uma condição importante terá um contingente alto de adultos magros. O parâmetro estabelecido pela OMS é de 18,5kg/m2 de índice de massa corporal (IMC). Segundo a OMS, índices inferiores a 3% de adultos magros caracterizam países onde não há fome; entre 5-9%, considera-se que haja baixa prevalência de déficit energético, sugerindo medidas de monitoramento; entre 10-19%, considera-se que haja prevalência moderada de deficiência energética crônica; entre 20-29%, já estamos na condição de prevalência alta e índices superiores a 40% caracterizam prevalência muito alta de fome, sensu strictu. Como os estudos relatados por Monteiro demonstram, não existe, no Brasil, risco de deficiência energética crônica. Não existe fome no Brasil. Em 1996-1997, a porcentagem de adultos magros era de 4,9% no Nordeste e Sudeste. No Nordeste rural, foi identificada uma porcentagem de 7.1%, o que justificaria monitoramento.
Para efeito de comparação, a taxa média de adultos magros do México é de 9%, do Haiti é de aproximadamente 20%, da Etiópia de aproximadamente 40% e na Índia a prevalência de adultos magros é de 50% da população. Isso é fome.

A segunda é uma medida indireta, aquilo que chamamos também de medida por proxy. Trata-se de identificar um limite de renda, abaixo do qual não seja possível comprar os alimentos necessários para uma determinada demanda energética média. São várias aproximações:
1. é preciso identificar uma demanda energética média, que vai representar mais ou menos bem a população segundo esta se distribua numa curva normal de parâmetros antropométricos e fisiológicos;
2. é preciso identificar um custo médio para os alimentos, com um desvio padrão de tamanho variável conforme região;
3. é preciso assumir que a compra de alimentos é a única forma que os indivíduos do país têm de suprir sua demanda energética.

A equipe do governo escolheu a segunda metodologia.

Se – e somente se – a segunda medida estiver correta, ela deve coincidir com a primeira.

O que acontece no caso brasileiro e da equipe do Fome Zero? Não coincide! Pelo contrário! Difere em aproximadamente 500%! A linha da pobreza estabelecida segundo esse protocolo (R$ 71,54/pessoa) indica que 46 milhões de pessoas (cerca de 30% da população) não têm renda disponível para obter a média de consumo calórico do país.

A diferença é de 5% para 30% da população!

Que conclusões podemos tirar disso?

1. 25% dos brasileiros é capaz de realizar a fotossíntese, processo de produção endógena de carboidratos a partir de CO2 e luz solar;
OU
2. por vários ou alguns motivos, o cálculo indireto não está medindo o fenômeno…

Marilia


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