Como escolher um curso de capacitação ou extensão universitária na área do treinamento

Você – educador físico, professor, treinador de modalidades diversas, fisioterapeuta, estudante – está sob o bombardeio permanente de posters digitais de cursos dos mais diversos assuntos, todos lindos, coloridos e prometendo um upgrade sensacional na sua carreira e conhecimento.

Como escolher?

A gente sabe que isso não é simples. Você não conhece boa parte dos professores destes cursos.

Alguns cursos têm nomes sensacionais, os temas são tudo que você queria saber na vida. Vou contar um segredo para vocês: os nomes da maioria dos cursos são criados para isso. Existem pesquisas, surveys de comportamentos e atitudes, que detectam essas coisas. Aí é só inventar: “Treinamento funcional sub-aquático com plataforma instável”. “Cross-training meta-funcional metabólico com kettlebells”. “Treinamento cross-funcional para qualidade de vida”.

Pronto.

Tirando a piada, o título é o açúcar para atrair a multidão de gente confusa e perdida num mar de informação desorganizada, sem hierarquia e sem padrões meritocráticos.

Vamos traduzir isso: em qualquer campo técnico, o valor que deve prevalecer para o julgamento é o MÉRITO. O mérito, em campos técnicos, é medido através de indicadores. Em geral mede-se isso por uma ponderação entre o background acadêmico, a experiência de ensino e prática, e a excelência em performance.

Portanto sim, é importante você saber qual a formação de quem está lhe ensinando, onde e o que aprenderam, se produziram algo publicado, se têm experiência de ensino e se são bons no que fazem.

Resolvendo o problema de como julgar o curso no quesito professores (que às vezes pode importar mais que o tema), vamos aos temas.

Você realmente acha que um curso de Pilates sub-aquático cross-funcional vai dar um “up” na sua carreira? Sério mesmo?

Não vai.

O “up” na sua carreira virá de duas coisas: a primeira é você ganhar capacitação em atividades e saberes que você aplica no seu dia-a-dia. Agora entro com os exemplos dos nossos cursos: você está competindo com mais 43 candidatos a uma vaga de treinador de força e condicionamento. Entre você, que sabe corretamente as técnicas de agachamento, supino, levantamento terra, stiff e outros movimentos complexos, multi-articulares e funcionais, e o outro colega que sabe mal e porcamente executar três deles (de maneira errada, pois quase todos os nossos alunos chegam com erros importantes), qual estará em vantagem?

Você não tem que fazer um curso de powerlifting, natação ou kettlebell training para ser um powerlifter, um nadador ou um girevik. Você precisa fazer estes cursos porque são a base do treinamento. No caso do powerlifting, dos levantamentos de potência (levantamento de peso olímpico ou integrado) e dos kettlebells, porque simplesmente não existe treinamento de NADA sem estes movimentos.

Claro que é possível que você se depare com um empregador medíocre e mal formado que dará importância à “certificação” em Treinamento Cross-funcional em pliometria aplicada. Isso existe. E muito. Só que cada um destes modismos tem uma obsolescência imensa: em pouco tempo ninguém mais sabe o que era.

Já o que nós ensinamos, ensina-se desde sempre, pouco e você precisará deste saber para o resto da sua vida.

No próximo capítulo, falaremos por que o powerlifting é uma ferramenta de re-apropriação de memória motora perdida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima