Dr. Fabiano Rebouças responde: entrevista zero, Fabiano por Fabiano

  • 03Como foi sua escolha pela medicina?

R: Acredito que esta escolha tenha acontecido durante toda a vida, e depois, amadurecido na reta final do último ano escolar. Sempre fui curioso sobre o corpo humano e me interessava em livros de anatomia, filmes que envolviam áreas médicas, documentários etc. Depois que comecei a faculdade, descobri que era isto mesmo que queria: estudar muito e cuidar das pessoas.

 

  • Quando você teve clareza que escolheria ortopedia como especialidade? O que influiu mais?

R: Desde que iniciei a faculdade de medicina, fiquei fascinado pela disciplina de Anatomia, onde tínhamos não só aulas teóricas, mas também práticas  com dissecações de cadáveres. Nestes laboratórios de dissecações, na verdade, é onde realizamos nossas primeiras “cirurgias”, para estudar a fundo cada detalhe do corpo humano. Achei fascinante! Em todas as áreas da medicina temos que ter o conhecimento da anatomia básica, mas na Ortopedia, este conhecimento deve ser profundo, em especial sobre o esqueleto humano.

 

  • Medicina e interdisciplinaridade: com que profissionais você gostaria de contar sempre para o tratamento de seus pacientes

R: O ortopedista precisa ter sempre um ou mais fisioterapeutas de confiança.  São eles que reabilitam e devolvem os pacientes para suas rotinas. São eles que dizem ao ortopedista suas dificuldades e suas percepções sobre a doença em tratamento. Eles acabam ficando em contato prolongado com o paciente durante as sessões de fisioterapia e, muitas vezes, acabam sabendo detalhes que podem ajudar no tratamento, quando passados ao médico. Gosto de receber informações detalhadas sobre o andamento da recuperação dos pacientes, e por isso, sempre passo meus meios de contato! Acompanho também de longe!

 

  • Cirurgia: qual o apelo da cirurgia? Como você compararia sua relação com a cirurgia com a da “solução de quebra-cabeças” do atendimento não cirúrgico?

R: Sigo sempre a seguinte regra: “cirurgia só quando extremamente necessária”! Existem riscos dos tratamentos “cirúrgicos” e também “não cirúrgicos” quando mal indicados. O acompanhamento de perto é fundamental para o sucesso de cada um destes tratamentos.

 

  • Grupos especiais: você acha que tem preferência para lidar com algum grupo especial?

R: Gosto de tratar qualquer tipo de paciente, mas se tivesse que optar: idosos e esportistas.

 

  • “O atleta é o melhor e o pior paciente” (sua frase, uns 10 anos atrás) – o que você acha hoje da sua frase? Quais as especificidades do paciente atleta?

R: Continuo dizendo esta frase! O atleta é o melhor paciente, pois está “acostumado” a lidar com a dor, e assim, ajuda no tratamento cirúrgico ou de reabilitação para ficar bem o mais rápido possível. Ele quer agilidade no tratamento, bem como o ortopedista. Sobre ser o “pior paciente”, digo isto, pois muitas vezes escondem informações valiosas, para o retorno precoce às suas atividades esportivas. As vezes retornam ao esporte mesmo sem a autorização médica, e nestes casos, o médico é o último a saber. Geralmente ficamos sabendo quando já está tudo certo, ou quando deu alguma coisa errada!

 

  • O que mais satisfaz e o que mais frustra ou angustia na ortopedia?

R: O que mais me satisfaz é o sorriso e o “obrigado doutor” no final do tratamento. É um prazer inexplicável dar alta para um paciente. A angústia vem quando as coisas não caminham do jeito que se esperava. Tinha um professor que dizia: “só não tem complicação quem não opera”, e “é na complicação que você conhece um bom médico”.

 

  • Como você vê a evolução da ortopedia hoje? Quais as tendências mais importantes e onde você aposta as suas fichas?

R: A ortopedia evoluiu muito nos últimos 20 anos. Quando me formei a artroscopia (cirurgia por vídeo) ainda “engatinhava”. Hoje é uma grata realidade. O pós-operatório sem dor, ou melhor, com bem menos dor do que na cirurgia aberta, é incrível. Em poucos dias, dependendo da cirurgia, parece que o paciente nem foi operado. O paciente nem imagina a quantidade de procedimentos que realizamos na articulação pelos “furinhos”. Acredito que foi a principal evolução das cirurgias ortopédicas e também nas outras especialidades que realizam cirurgias por vídeo. A tendência é a evolução progressiva destas cirurgias menos invasivas.

 

  • Ortopedia e sociedade: o que os ortopedistas (ou você) gostariam de transformar nos ambientes públicos, nas práticas sociais (trânsito, ergonomia no trabalho, etc), na alimentação e outros hábitos para que existam menos casos ortopédicos? (evitar acidentes, objetos de escritório melhores, alimentação saudável para que o sobrepeso cause lesões, etc?)

R: Ultimamente a mídia exalta erros médicos, denúncias de corrupção médica etc, e deixa de comentar que a maioria dos médicos são idôneos e fazem sua parte, exercem a verdadeira medicina como sacerdócio. Esquecem, ou não querem dizer, o quanto ganhamos em uma cirurgia complexa paga pelos convênios ou SUS. Me sinto constrangido com o modo que somos tratados nestas divulgações, sem direito a resposta na maioria das vezes, e como certas denúncias são expostas para a população. Já perdemos o respeito de antigamente. Tenho medo do futuro da medicina no Brasil.

 

  • Risco, qualidade psicológica de vida e recomendações: como equilibrar isso? A maioria dos atletas tem medo de ortopedista pelo excesso de zelo com riscos e consequentes proibições de atividades. O que você acha disso?

R: Tudo depende do grau de confiança que o paciente tem pelo seu médico. Isto nem sempre é rapidamente conquistado. Para que isto ocorra, é necessária uma aproximação entre ambos, mas atualmente existe um verdadeiro abismo. Um não quer se aproximar do outro, não existe mais parceria, franqueza e até conversa. Entendo que ambos se beneficiam com a proximidade e cumplicidade.

 

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