nunca fomos materialistas…

Acho tão engraçado ver meus amigos e pares com impecável formação científica, apropriadamente materialistas, com uma atitude totalmente platônica e idealista com relação ao homem. Isso mesmo: acho que não passam de essencialistas. Grandes intelectuais, cientistas sociais, médicos, bioquímicos tratando o homem como uma “essência” que “tem” um corpo. Não vejo diferença nenhuma da idéia de espírito, alma imortal que “ganha” de alguma fonte superior uma casca material, carne perecível e externa ao ser. Assim, eles e todo o resto do mundo idealista TÊM um corpo, separado de si e associado a outro destino. Para eles, bem como para qualquer idealista, o caminho entre o nascimento e a morte é um de crescente “essencialidade” e decrescente “materialidade”. Tudo bem degenerar com a idade: estamos proporcionalmente nos tornando mais essência.
Já me enchi disso. É hipócrita demais se diferenciar e se colocar num plano superior ao discurso religioso, quando tudo que o discurso dessa elite reproduz é um pensamento igualmente maniqueísta e idealista.
Não sei muito bem onde estou agora – só sei que em nenhuma dessas categorias. Definitivamente, não tenho corpo nenhum. Eu SOU um corpo – que pensa, sente, come, transa e escreve.

Marilia


BodyStuff

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