Nesse artigo, me dirijo a você, que não é atleta de powerlifting, que pode nem ser atleta e que me conhece por alguma outra coisa: como cientista, como escritora, sei lá. Não importa. Importa é que eu estou competindo com mil outras causas, entidades filantrópicas e projetos interessantes pela sua atenção e seu dinheiro. Meu desafio é convencê-lo de que faz sentido você colocá-lo aqui.
Eu faço algumas contribuições regulares. Contribuo com a Wikipédia, com o Brainpicking, projetos de Open Access, entre outras. Contribuo também para vários projetos de crowdfunding (como este aqui), ou financiamento coletivo, na área das artes, cinema e esporte. Minha escolha se baseia muito em quem me indica o projeto (“esse cartunista é muito bom e precisa da sua ajuda para o livro dele”, vindo de alguém como meu irmão, o Rafa, o Fabio ou o Pedro, por exemplo), em informações que o projeto disponibilize ou no quanto ele corresponda a princípios meus. Wikipedia entra aí: eu preciso de informação livre e boa e acredito que uma humanidade livre só será possível com livre acesso à informação, gente dotada de instrumentos educacionais para manipular essa informação e tomar as melhores decisões.
Não é das tarefas mais fáceis mostrar para você por que uma organização de powerlifting – um esporte esquisito e meio marginal – merece seu apoio. Alguns dos atletas ligados a ele publicaram depoimentos estes dias contando suas histórias pessoais (Luális, Carlos Daniel). Neles, mostraram como o powerlifting teve um papel salvador ou aglutinador de um foco de identidade, coisa de que todo humano digno de se considerar gente precisa.
Quem leu algo sobre a minha história sabe que eu só continuo viva, depois de vários resvalos com a morte e um deles muito acidentalmente mal-sucedido, porque me envolvi de corpo e alma com este esporte.
Mas será esse o melhor motivo para você apoiar uma entidade de powerlifting? Porque meia dúzia de pessoas muito danificadas por dentro encontraram nesta forma de existir uma maneira de se integrar, se ser gente, de se manifestar? Não deixa de ser um bom motivo, mas talvez não seja o suficiente.
Vou oferecer um outro bom. Se você chegou até aqui, é uma pessoa com recursos educacionais. Pense na fórmula 1 ou nos projetos espaciais. Por que é importante, para a civilização, que existe a Fórmula 1 ou os Projetos Espaciais? Ninguém é tão idiota a ponto de acreditar que teremos colônias em Marte para resolver o problema da super-população. Estas são todas atividades limite e superação em realização tecnológica (“alta performance”). O resultado delas imediato é um carro super rápido ou aterrizar uma nave robotizada com sucesso em outro planeta. Os resultados dos desdobramentos das pesquisas tecnológicas, no entanto, são uma infinitude de produtos, saberes e benefícios que você e eu manipulamos todos os dias (leds, termômetros infra-vermelhos, próteses para membros mutilados, sistemas anti-congelamento em aviões comuns, pneus mais aderentes, etc).
Nossa entidade promove um esporte de alto rendimento. Este esporte contém como disciplinas o AGACHAMENTO, o SUPINO e o LEVANTAMENTO TERRA. A gente faz isso com cargas muito altas e equipamento padronizado. No entanto, você e todo ser humano agacha, empurra e puxa todos os dias.
E é aqui que a coisa fica interessante. Eu dou aula sobre os fundamentos da força no gesto esportivo e cotidiano e também sobre força inata (a dos bebês). Todo ser humano nasce sabendo estas coisas: agachar, empurrar e puxar. Quando a gente usa o agachamento, o supino e o levantamento terra como exercícios para reabilitação ou para condicionamento, tudo que fazemos é ajudar as pessoas a recuperar algo que sempre foi delas: a força e os padrões inatos de movimento.
Seria impossível para mim ter essa compreensão profunda sobre a natureza do movimento humano sem uma vivência tão intensa, emocionalmente tão contundente e existencialmente tão fundamental do powerlifting. Não é por acaso que meus melhores treinadores também são os melhores atletas do esporte.
Tem atleta burro, que não sabe nada e não quer saber nada sobre a natureza do movimento humano, que não tem nada a retornar para a sociedade? Claro que sim. E tem organizações que enfatizam esse divórcio entre a prática e o retorno social.
A nossa faz o contrário.
Você tem dúvida? Olhe para mim. Leia o que eu escrevo, veja meus livros. Assista minhas conferências gratuitas. Leia sobre meus projetos sociais. Siga meus amigos, colegas e treinadores e veja onde eles estão indo.
Não é possível fazer nada coletivo sem grana. Nenhum de nós consegue nada disso sozinho e estamos num ponto divisor de águas. Sem a grana necessária, podemos comprometer muito desse retorno social, ao comprometer a performance de um monte de gente. Ao contrário de outras organizações, não temos “jeitinho” com o governo e muito menos temos as manhas da corrupção. Achamos nojento, mas nem que não achássemos, a gente veio de outro lugar simbólico na sociedade. Esse não é um recurso que sequer conhecemos.
Por isso precisamos do seu apoio.
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