Velhos e-mails – dezoito anos de correspondência e interações deletadas para sempre

Hoje chegou meu novo desktop. Lindo, rápido, cheio de memória e espaço de disco. Todas as centenas de gigabytes de documentos preservados, copiados, backupeados três vezes e em núvem. Desde documentos anteriores à minha tese de doutorado até hoje: mais de 20 anos de documentos.

Os e-mails, no entanto, estavam na pasta “application data” do microsoft outlook, que não uso há muito tempo. Não pedi para serem guardados pelo profissional que fez a máquina, customizada, para mim, e salvou os dados do HD da máquina que faleceu.

Aquele arquivo era resultado de “salvamentos” de e-mails desde o tempo em que eu usava Eudora no meu computador em Blacksburg, em 1996. Havia e-mail encriptado, trocado com quem um dia ocupou um espaço importante no meu afeto. E-mails do período de corte entre eu e meu segundo ex-marido, de quem me separei há uns 12 anos. Provas de promessas de pagamento de calotes que tomei, dos quais jamais consegui reduzir o dano. Projetos sonhados, começados, abortados ou realizados, mas j

As duas vezes em que meu grande amor escreveu a frase proibida – a ele, a mim e a todos nós, emocionalmente mutilados: “eu te amo”. Minha resposta. Minhas dores. As dele. Nosso esmagamento pelo mundo e os anos e anos de contato por uma fresta da porta fechada.

Tudo, absolutamente tudo, deletado para sempre.

O que eu sinto? Não sei. Um certo alívi

Hoje chegou meu novo desktop. Lindo, rápido, cheio de memória e espaço de disco. Todas as centenas de gigabytes de documentos preservados, copiados, backupeados três vezes e em núvem. Desde documentos anteriores à minha tese de doutorado até hoje: mais de 20 anos de documentos.

Os e-mails, no entanto, estavam na pasta “application data” do microsoft outlook, que não uso há muito tempo. Não pedi para serem guardados pelo profissional que fez a máquina, customizada, para mim, e salvou os dados do HD da máquina que faleceu.

Aquele arquivo era resultado de “salvamentos” de e-mails desde o tempo em que eu usava Eudora no meu computador em Blacksburg, em 1996. Havia e-mail encriptado, trocado com quem um dia ocupou um espaço importante no meu afeto. E-mails do período de corte entre eu e meu segundo ex-marido, de quem me separei há uns 12 anos. Provas de promessas de pagamento de calotes que tomei, dos quais jamais consegui reduzir o dano. Projetos sonhados, começados, abortados ou realizados, mas j

As duas vezes em que meu grande amor escreveu a frase proibida – a ele, a mim e a todos nós, emocionalmente mutilados: “eu te amo”. Minha resposta. Minhas dores. As dele. Nosso esmagamento pelo mundo e os anos e anos de contato por uma fresta da porta fechada.

Tudo, absolutamente tudo, deletado para sempre.

O que eu sinto? Não sei. Um certo alívio. Não existe mais registro documental sobre todas as partes horríveis nem maravilhosas da minha história exceto a dos documentos ascépticos que se transformaram em publicações. Isso é bom? Ruim? Nem um, nem outro? Não sei, mas me deu alívio.

Objetivamente, nenhum destes dados de necrópsia teria uma utilidade real na minha vida hoje ou futura. Ficavam lá, ocupando uns 9GB do disco, mais ou menos me lembrando o tempo todo que aquele monte de experiências foi um dia o meu presente – nada de reconstituições.

O dado crú, a carne viva e a navalha na carne.

Literalmente.

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