Apoie um projeto não-óbvio: ação bumerangue – POWERLIFTING, mais 17 dias

Estou em casa descansando para amanhã competir num evento pequeno, o campeonato brasileiro de supino da ANF-IPL, a caminho de um bem maior: o Global Bench War, um campeonato internacional de supino que ocorre em Detroit.

Enquanto espero, converso com um amigo geofísico sobre a cadeia de inovação. Aquela que vai do laboratório até a mão do consumidor, com um serviço ou produto mais eficiente, econômico, saudável ou produtivo.

Há duas maneiras de pensar o apoio à ciência “pura”, a arte “pura” e ao esporte “puro”. Coloquei em parênteses porque estas expressões sempre me fizeram pensar no sentido dos antônimos: o que seria uma ciência impura? Contaminada, Uma arte com molho branco? Um esporte manchado?

Para nós, sociólogos, esta dicotomia não existe. Existe a ciência feita em contexto aplicado ou não aplicado. A arte realizada como meio para uma finalidade aplicada ou a arte que dialoga com seu próprio campo de praticantes. Mas o esporte fica órfão. O esporte “aplicado” é considerado, por muitos, o esporte-espetáculo. A grande função social do esporte seria entreter os não-atletas.

Eu penso diferente: o papel do esporte de alto rendimento é exatamente o mesmo da ciência e da arte erudita. Todas estas três atividades geram bens simbólicos que os não iniciados (os não cientistas, não artistas e não atletas) não têm como consumir. No entanto, estes bens são convertidos, ao longo de uma cadeia de agentes, em bens altamente consumidos por todo mundo.

O esporte gera saber em treinamento para todas as finalidades. É a partir de conhecimento adquirido no esporte de alto rendimento que se entende mecanismos fisiológicos universais e se pode planejar melhores formas de ajudar a população a adquirir condicionamento, força e reabilitação.

É também pelo estudo do NOSSO esporte de alto rendimento, o powerlifting, que se compreendem os padrões básicos de movimento humano perdidos ao longo de nossas vidas com cadeiras e posturas agressivas.

Bastariam os pesquisadores do movimento humano para gerar este saber? Não. Se há um aprendizado que tivemos ao longo das últimas décadas é a de que o saber no campo do treinamento apresenta uma defasagem de tempo em desvantagem para a ciência. Os insights e sínteses vêm da chamada “linha de frente”, onde a alta performance acontece. É da aproximação entre estas duas formas de entendimento que conseguimos gerar conhecimento útil a toda a sociedade. É o que a National Strength and Conditioning Association chama de “bridging the gap between science and practice” (fazendo a ponte sobre o abismo entre a ciência e a prática).

A Aliança Nacional da Força pode fazer isso. Entre nossos melhores atletas, temos vários acadêmicos e mantemos diálogo permanente com a comunidade científica. Nisso temos seguramente a vanguarda e praticamente o monopólio, em comparação com outras organizações.

A nossa desvantagem é que nossa absoluta independência, nossa total auto-suficiência e exclusão de qualquer benefício governamental, nossa composição de gestores que doam tempo e trabalho voluntário e não tem nenhuma remuneração, nossa repulsa por negociação de interesses escusos nos faz financeiramente frágeis.

Enfim, vivemos duros e dependemos de três coisas:

  1. Que nossos atletas assimilem o conceito de cooperativa e entendam que só terão este ambiente específico (bem regrado, limpo, correto e internacionalmente integrado) se contribuírem com grana e outras formas de participação
  2. Que as pessoas que conseguem entender a cadeia da inovação a partir deste esporte tão minimalista se sensibilizem com os benefícios que podemos gerar e façam contribuições financeiras
  3. Que empresas com uma visão mais estratégica entendam que, apesar do pequeno número de espectadores e do fato de não termos garotas semi-nuas desfilando para a TV em nossos eventos, somos fortíssimos formadores de opinião e provavelmente exercemos mais influência sobre o consumidor de produtos altamente tecnológicos (como whey, tênis, celulares, automóveis, carne, produtos orgânicos, etc.) do que um par de silicones.

Temos mais 17 dias de prazo para nossa campanha. Clique na vaquinha e faça sua contribuição.

 

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